Ialodês – Residência Criativa destaca produção cultural protagonizada por mulheres negras

Encontro reúne produtoras culturais negras para repensar o simbolismo de "datas comemorativas" como o 13 de maio, além de promover o fomento, capacitação e intercâmbio na gestão de projetos criativos, artísticos e culturais.

Estimular o fomento, capacitação e intercâmbio de projetos artísticos, culturais e criativos protagonizados por produtoras culturais negras, esse é o propósito do Ialodês – Residência Criativa. Idealizado pela produtora e gestora cultural Simone Braz, o projeto reúne, em sua primeira edição, mais cinco produtoras atuantes na cena baiana: de Salvador, Camila Brito e Gabriele Jessi; e do Recôncavo Laisa Ojulepa, Aquataluxe Rodrigues e Glenda Nicácio, em uma imersão de três dias que traz como temática questões ligadas à memória, legados e futuros possíveis. A residência acontece entre os dias 13 e 15 de maio na Casa Preta Hub, em Cachoeira (Ba). O conteúdo pode ser acompanhado através do instagram @ialodesresidenciacriativa. O projeto tem ainda como objetivo refletir sobre “datas comemorativas” e questionar simbolismos que se relacionam com a cultura negra, como o 13 de maio, que historicamente se configurou como uma “festa da liberdade” , sendo que a realidade enfrentada por negros e negras recém libertados da escravidão foi de abandono nas ruas.

 

A ideia da Ialodês nasceu de uma inquietação de Simone, enquanto profissional que atua na área há 12 anos e observa como ainda são poucos os espaços em que mulheres negras estão à frente da cadeia produtiva. “A nossa produção cultural tem uma contribuição gigante de raízes negras e indígenas, mas quando olhamos de onde vem a gestão e concepção dos grandes eventos e projetos artísticos não nos enxergamos ali. É nessa perspectiva que a Ialodês nasce, queremos emergir da zona operacional e mostrar o potencial intelectual e criativo de mulheres negras na produção cultural”, explica a produtora.

 

É a partir desse cenário que o projeto dialoga com profissionais que transitam por  vivências acadêmicas e do mercado cultural, procurando refletir sobre os imaginários, referências, patrimônios e legados construídos até hoje e projetar futuros possíveis que auxiliem essas produtoras a tirarem suas ideias do papel. “Esse é um movimento importante porque ajuda a ressignificar o imaginário que existe em torno da cultura afro-brasileira, do nosso ponto de vista. Nós enquanto mulheres negras queremos contar a nossa própria história através da produção cultural”, ressalta Simone, que reforça ainda a residência como espaço de preservação da memória, atrelada a artistas e profissionais negros que tiveram grande contribuição na cena cultural baiana e brasileira, e nos deixaram precocemente, vítimas da covid-19.

Além do intercâmbio entre as produtoras participantes, a residência contará ainda com convidadas que tem uma atuação marcante e simbólica no campo da cultura protagonizada por mulheres negras, como o grupo da Irmandade da Boa Morte, uma confraria religiosa afro-católica que há mais de 200 anos se mantém como manifestação cultural e religiosa em Cachoeira; o Yakurinxirê Festival Percussivo de Mulheres, que também acontece entre as cidades de São Félix e Cachoeira; e Laisa Ojulepa que reside em Santo Amaro e também participa apresentando a sua pesquisa artística  “O corp’ subjetividades / Projeto Nagò Afroíndigena” .

De acordo com Simone, a cidade de Cachoeira foi escolhida para abrigar a primeira edição do projeto por sua relevância histórica relacionada a questões raciais. Já a Casa Preta Hub é um espaço de economia colaborativa com  cunho econômico e cultural, de difusão e preservação artística da cultura negra, que tem sede em São Paulo e Cachoeira.

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SAIBA MAIS

 

Simone Braz

Produtora e Gestora Cultural com mais de onze anos de atuação no mercado de cultura e criatividade. Idealizadora da Ialodês – Residência Criativa, projeto voltado para Produtoras Culturais Pretas. É Mestre em Relações Étnico Raciais (CEFET-RJ) e Comunicóloga pela Universidade Federal da Bahia.  Diretora da Simone Braz Produções com foco em gestão de projetos culturais, artísticos, sociais e criativos. Atua como Produtora Cultural nas etapas de pré, produção e pós de projetos e eventos. Na gestão atua com planejamento financeiro e organizacional, gestão de equipe, assim como na mobilização de recursos e prestação de contas. E já teve a oportunidade de assinar a gestão do Cine Teatro Solar Boa Vista (2014 – 2016), equipamento público de cultura, localizado em Salvador.

Durante sua jornada já participou de projetos nas áreas de música (shows, mostras e festivais), artes cênicas (espetáculos, mostras e festivais) e audiovisual (festival e clipes). Já realizou trabalhos para marcas e organizações como Oi/Oi Futuro, Natura/Natura  Musical, Caixa Cultural, Sesc RJ/SP. Budweiser, Bodog.Atualmente faz parte da equipe de gestão da Casa Batekoo e integra a produção de projetos como: Ialodês – Residência Criativa, Mete Dança Digital, Festa Literária do Subúrbio Ferroviário, Plataforma Frequências Preciosas, Festival Segunda Black (RJ).

Informações à imprensa

Gisele Santana

(71) 988-7205492

[email protected]

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Sobre Shah Moises 1993 Artigos
Cineasta, editor, e produtor cultural.
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