De dentro da burca,
É ínfima a minha janela para o Mundo.
Um mundo em retângulo,
Fatiado para mim.
Um breu a mim posto,
Que extrapola os olhos,
Que molha o rosto.
Quer condicionar os meus sonhos,
Quer dominar os meus pensamentos,
Quer filtrar os meus sentimentos,
Imprime os passos que devo seguir.
Algo que se não mata, sufoca.
Algo que se não cala, impede de me ouvir.
Algo que, mesmo que não estando vestida,
Mesmo estando distante daquela vida,
E ainda que enfrentando as minhas lutas antigas,
Só de me projetar naquela vida,
Justificam os versos
Que escrevo sobre o que senti
Negra Luz é advogada, escritora e poetisa
@contempoetica