A cardiomiopatia hipertrófica, doença genética congênita que levou o empresário e triatleta amador João Paulo Diniz à morte, tem um nome difícil de pronunciar e é pouco conhecida, apesar de afetar uma a cada 500 pessoas e de causar entre 25% e 35% dos casos de morte súbita no esporte. Caracterizada pela hipertrofia do músculo cardíaco, potencial gatilho para arritmias, a patologia costuma apresentar sinais durante ou após esforços ou atividades físicas, tais como falta de ar, desmaios, dor no peito e palpitação. Algumas pessoas não apresentam sintomas e acabam descobrindo a doença durante um checkup ou uma avaliação cardiológica preventiva antes de se matricular em uma academia ou de iniciar a prática de algum esporte competitivo.
O diagnóstico da cardiomiopatia hipertrófica se baseia na avaliação clínica, anamnese e exame físico, e no resultado de exames, principalmente eletrocardiograma e ecocardiograma e, em alguns casos, ressonância cardíaca. De acordo com o cardiologista e ecocardiografista baiano Paulo Roberto Souza, por estar associada a fatores genéticos, não há formas de prevenção da doença, mas é importante que pessoas com histórico familiar da patologia ou de mortes súbitas na família consultem um cardiologista com mais frequência. Além disso, quanto antes a doença é descoberta, mais cedo o tratamento adequado pode ser iniciado, reduzindo riscos. “Para facilitar esse diagnóstico precoce, a avaliação cardiológica antes do início de atividades físicas é fundamental. Uma simples consulta pode salvar a vida de muitos pacientes”, declarou o médico.
O tratamento da doença, que varia conforme sua gravidade e tipo, tem como objetivo aliviar os sintomas e prevenir a morte súbita em pessoas de alto risco. Além de medicações para relaxar o músculo e reduzir o batimento cardíaco, procedimentos cirúrgicos podem ser necessários. A miectomia septal, cirurgia que retira parte do septo hipertrofiado entre os ventrículos do coração, por exemplo, é recomendada para casos graves ou quando as medicações não conseguem aliviar os sintomas. Outros procedimentos cirúrgicos que podem ser indicados são a alcoolização septal e implante de marcapasso.
Segundo Paulo Roberto Souza, “para pacientes de alto risco, o uso do cardiodesfibrilador implantável (CDI) ajuda a prevenir a morte súbita. A manutenção do acompanhamento médico regular é essencial para todos os pacientes com diagnóstico confirmado”, resumiu. Para pacientes com cardiomiopatia de alto risco, o esporte competitivo deve ser evitado. Atividades leves a moderadas podem ser liberadas a critério médico, após avaliação individualizada. “O treinamento intenso pode provocar isquemia crônica, agravando as áreas de fibrose e aumentando o risco de complicações. Nunca é demais lembrar que exercícios de alta intensidade podem precipitar a morte súbita até mesmo em pessoas sem fatores de risco”, concluiu o cardiologista.
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