Dia de #tbt foi ontem mas vou postar hoje porque todo dia é dia de lembrar com carinho dos mais velhos e de homenagens em vida.
Essa senhorinha da foto é D. Lucila. Parteira aposentada, já “pegou” tanta criança que às vezes até se confunde. Eu – que nasci nas mãos de uma outra parteira querida, a saudosa Mãe Guigui – tive que lidar a vida toda com a insistência dela de que foi ela quem me pegou. Como bênção é bom pra quem toma, sempre que encontrava, não me fazia de rogado: “Bença, Mãe..”, sempre seguido de “Deus lhe abençoe, meu filho. Achei que ia esquecer!”.
Pois bem, Mãezinha Lucila, nesse dia da foto, 10 de agosto de 2019, estava se sentindo mal na casa de Milza Soledad. Fui acudir, tranquilizei ela, conversamos bastante e em dado momento ela me disse do quanto sentia falta de estar nos espaços do candomblé ao qual ela dedicou uma vida. Milza comentou que haveria uma festa no Terreiro de Lembá, liderado pelo Táta Ricardo Tavares Tavares.
Mãezinha se animou. “Eu sou angoleira, meu filho. E gosto muito dele. Você me leva?”. Era uma ordem, vocês não acham? hahaha Pois eu levei, ela foi muito bem recebida e muito mimada pelo Tata Ricardo, curtiu a festa, tocou adjá a festa toda, fumou cachimbo, comeu comidinha de axé e voltou pra casa toda feliz. Nem de longe parecia a mulher que passava mal mais cedo.
Pois bem. Contei essa história pra salvar a memória. Pra agradecer pela vida de quem veio antes de mim e pra dizer que ancestralidade se cultua cotidianamente. Cuidem dos seus mais velhos.
Texto de Raul Tavares