Poesia e lixo
“Brasil é o país que mais produz lixo eletrônico na América Latina” (Diário do Comércio)*
“Brasil gera 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano” (EBC)*
“Apenas 13% dos resíduos sólidos urbanos no país vão para reciclagem” (IPEA)*
Essas são algumas das notícias veiculadas ao se falar do lixo (resíduo sólido) no Brasil. E você? E eu? Cadê o nosso lixo? Todo lixo que produzimos é necessário? Em quanto contribuímos para a poluição do meio ambiente? O que estamos fazendo para mitigar os efeitos da poluição por lixo?
Inspirada na campanha Lauro Limpa, divulgada por esse blog (https://cafecomshah.com.br), através da querida colunista Luzia Moraes, a coluna Poesia com Luz se propôs uma questão: Poesia gera lixo? Lixo entendido como resíduo sólido?
Antes de tudo, preciso ratificar que livro é livro e que livro de poesia é cultura, é educação. Eles importam muito! Em qualquer das suas formas os livros são necessários e essenciais! Outra revelação pessoal: adoro o livro físico e é muito difícil para mim o aprendizado que compartilho com vocês.
A partir de uma autorreflexão e lançando olhares para as alternativas que a tecnologia tem disponibilizado, cheguei à conclusão de que a poesia pode gerar resíduo sólido, ou seja, lixo, e que isso é nefasto ao meio ambiente, pois concretamente traduz-se em mais matéria descartável e espaço sendo ocupado no nosso Planeta. Porém as consequências são mitigáveis a partir de algumas práticas. Para tanto, elenquei algumas sugestões que vêm permeando o meu pensamento desde então e farão parte do meu fazer poético, desejando que estas os ou as estimulem a pensarem seus próprios atos e comportamentos diante do lixo.
Ao publicar um livro, uma sugestão ao poeta e à poeta é buscar imprimir tiragens físicas menores ou sob demanda, incluindo também a versão digital, evitando-se passivos de publicações. Para essa alternativa, importa uma atuação da cadeia produtiva em literatura, envolvendo empresas do ramo e o Estado, pois os valores para publicação são altos, sendo, muitas vezes, as grandes tiragens uma alternativa à redução do custo do livro. Fomento, editais, isenções tributárias podem contribuir.
Outro caminho: tornar os livros físicos de poesia mais circuláveis, mais lidos. Essa dica toca diretamente aos consumidores de livros de poesia. Após a leitura e a releitura, ou passado algum tempo da troca de afetos entre leitor ou leitora e as poesias transcritas no livro, que tal emprestar? Dar de presente? Fazer o livro circular?
Lembre-se, livros literários não ficam velhos. Eles sofrem desgaste pela ação mecânica, mas são sempre presenteáveis quanto ao seu conteúdo, mesmo usados. Tempo pode trazer novas nuances e leituras à Arte, mas não torná-la descartável… imprópria… Imagine como eu, Negra Luz, ficaria feliz em receber uma primeira edição do livro Úrsula, de Maria Firmina dos Reis. Ela que foi uma das nossas primeiras escritoras negras, uma abolicionista e que só nos últimos anos vem sendo destacada no meio literário, como fruto de um trabalho de resistência e luta do povo negro?
Ainda há diversas outras alternativas como: leituras compartilhadas, bibliotecas coletivas, comunitárias, virtuais, clubes de livros informais e etc.
Meus colegas escritores, “TaMoJunto”! Sei que pareço desestimular o consumo de livros, porém não se trata disso. O que penso ser urgente é repensar a cadeia econômica em torno do livro, inseri-la dentro de uma política pública em que, dentre tantos vieses, seja considerada a questão ambiental.
Enfim, a proteção ambiental é dever de todos. Se há caminhos para reduzir a produção de lixo, é dever de todos os protagonistas da literatura buscá-los.
Sendo assim, sigamos na Campanha Lauro Limpa, que será composta por atividades de conscientização e preservação das praias do município. Lembremos do nosso ilustre poeta e cantor Dorival Caymmi, ao afirmar “O mar quando quebra na praia/ É bonito, é bonito”. Imaginem- o sem nenhum lixo? Será lindo! As atividades ocorrerão no dia 18 de setembro próximo e fazem parte do cadastro dos eventos oficiais do Dia Mundial da Limpeza.
Fazendo a nossa parte através da poesia…
De Negra Luz
Poesia ambiental
EU li,
Eu viajei,
EU interpretei,
Eu amei,
EU compreendi,
Eu me emocionei,
EU senti,
Eu me apropriei,
Eu compartilhei
E fiz seguir
A poesia…
O livro…
E nada foi apenas resíduo sólido!
E nada tornou-se lixo!
E tudo que foi escrito…
E tudo que era poesia…
Tudo se traduziu em vida.
Vida integrada ao Meio Ambiente!
*Fontes:
“Brasil é o país que mais produz lixo eletrônico na América Latina”, Disponível em: <Brasil é o país que mais produz lixo eletrônico na América Latina – Diário do Comércio (diariodocomercio.com.br)>, Acesso em 11 de setembro de 2021.
“Brasil gera 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano”, Disponível em: <Brasil gera 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano | Agência Brasil (ebc.com.br)> Acesso em 11 de setembro de 2021.
“Apenas 13% dos resíduos sólidos urbanos no país vão para reciclagem”, Disponível em: <Apenas 13% dos resíduos sólidos urbanos vão para reciclagem (ipea.gov.br)> Acesso em 11 de setembro de 2021.