Situação de bares e restaurantes é crítica, indica pesquisa da Abrasel

Os fechamentos impostos por estados e municípios brasileiros em fevereiro e março emparedam os bares e restaurantes. De um lado, o faturamento caiu ou até mesmo zerou. De outro, as dívidas acumuladas em 2020 têm de ser pagas. Com isso, a esmagadora maioria se vê em situação crítica, sem ter como honrar dívidas e com enorme problema até mesmo para pagar funcionários. É o que aponta a mais recente pesquisa da Abrasel nacionalrealizada entre os dias 1 e 5 de abril, com mais de dois mil respostas de empresários do setor de alimentação fora do lar em todo o Brasil.

Nada menos do que 91% disseram enfrentar problemas para pagar os salários de abril, sendo 76% já tiveram dificuldades para pagar a folha de março. Além disso, 73% tiveram de demitir empregados nos três primeiros meses do ano. Isso é resultado direto do faturamento baixo (82% trabalharam no prejuízo em março) e do alto endividamento: 76% dos respondentes têm algum tipo de pagamento em atraso, principalmente impostos, aluguéis e fornecedores – 70% destes estão com parcelas do Simples vencidas.

“Estamos há mais de dois meses na espera de uma nova MP dos salários, que permita a suspensão de contratos ou redução de jornada, com a contrapartida do BEm, o benefício emergencial. Em janeiro nós já alertamos o governo federal de que a situação ficaria crítica. Sem isso, mesmo caminhando para a reabertura, muitos estabelecimentos não irão aguentar. As ajudas em alguns estados e municípios foram bem-vindas, mas insuficientes”, diz o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci.

A Abrasel declara que a demora para reedição da medida contribuiu fortemente para o encerramento definitivo de aproximadamente 35 mil empresas do setor de alimentação fora do lar, de janeiro deste ano até o momento, o que teria impactado cerca de 100 mil postos de trabalho.

Prorrogação das parcelas do Pronampe

Uma das questões que agrava a situação do setor de bares e restaurantes se refere à demora para prorrogação do prazo de carência do Pronampe, a principal linha de crédito para micro e pequenas empresas. A prorrogação por três meses já foi aprovada pelo Governo Federal, no entanto, os bancos têm autonomia para aderir ou não à decisão. Uma das maiores críticas dos empresários é que a Caixa Econômica Federal, instituição financeira ligada ao Governo e a maior nas concessões de empréstimo pelo Programa – responsável por cerca de 40% do valor total emitido – ainda não liberou as prorrogações.

“O empresário se sente como a vítima de uma enorme jibóia: a cada vez que ele tenta respirar, o aperto vem mais forte e o fôlego diminui. A onda de fechamentos em fevereiro e março agravou demais uma situação já muito difícil. Além da queda no faturamento, que dificulta o pagamento de compromissos, a carência dos empréstimos feitos em 2020 começa a vencer, e os bancos não têm piedade, ignorando até mesmo a determinação do governo em postergar por 3 meses a cobrança”, diz Solmucci.

Dos estabelecimentos que solicitaram empréstimo pelo Pronampe, 80% declaram não ter prorrogado o vencimento das parcelas – sendo que 55% alegam ter tentado mas receberam negativa do banco, por estarem fora dos requisitos do decreto de prorrogação ou pelos dos próprio requisitos do banco, apesar da determinação do governo federal. “É muito urgente resolver a questão do crédito. Fomos impedidos de trabalhar, portanto, o mínimo esperado é a prorrogação da carência e que se destrave novas linhas. Nosso levantamento aponta que 77% dos empresários pretendem contratar novo empréstimo do Pronampe caso o programa seja reaberto”, afirma o presidente da Abrasel.

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Jornalista responsável: Fernanda Matos

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