Ambientalista denuncia crime ambiental em Caboto

A 46 km de carro de Salvador se chega a um lugar paradisíaco, cartão postal. O entardecer de águas prateadas é inolvidável. Trata-se de Caboto, no município de Candeias. Em frente a Caboto, situa-se a Ilha de Maré, uma joia pintada de verde, lar imemorial de comunidades tradicionais e quilombolas. Para se chegar lá são 20 minutos de travessia em um dos barcos que descansam em Caboto sobre a areia coberta de seixos e siris. Da Ilha de Maré se avista, do lado direito, o Porto de Aratu, uma paisagem destoante, artificial, em meio à explosão da natureza. Perto do Porto de Aratu corre o Rio de Aratu, que desagua na Baía de Todos os Santos. Essa paisagem pristina foi testemunha de um dos maiores crimes ambientais que se podem cometer: o desmatamento de mais de um quilômetro quadrado de um mangue centenário que existia no Rio de Aratu”, foi com esse relato que a ambientalista, a jornalista Ana Maria Mandim, denunciou ao Portal Abrantes, o suposto crime ambiental. Segundo a ativista, a ação foi autorizada pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA).

Ana Maria destaca ainda, toda natureza e espécies encontradas na região, e pontua que essa foi a segunda ação de degradação. “No último dia 28 de agosto, uma equipe do INEMA foi à área questionada para ‘averiguar denúncia de desmatamento irregular de manguezal na Baía de Aratu’. O Relatório de Fiscalização Ambiental (RFA), de responsabilidade do técnico Felipe Pinto Nascimento, revela que, no Sistema Estadual de Informações Ambientais (SEIA), consta que ‘a área denunciada havia sido licenciada pelo próprio INEMA’ nos anos de 2017 e 2018, nos processos relativos à autorização de supressão vegetal, licença de instalação, autorização de manejo de fauna e de uso de recursos hídricos. A PROJUR, área jurídica do INEMA, deu parecer favorável à supressão da vegetação por considerar de utilidade pública a área questionada, ‘desde que sejam estabelecidas medidas mitigadoras e compensatórias’”.

Nos arquivos enviados para o site, Ana Maria mostra ainda depoimentos de nativos e famílias que dependem da pesca e marisqueiras da região, que estão desolados com a situação, já que historicamente, retiram o sustento do local devastado. “Em especial do mangue centenário destruído em poucos dias por motosserras amparadas por autorização do INEMA. ‘O desmatamento do mangue’, disse Marizelha, ‘mexeu muito com a gente, doeu muito. A gente até adoece porque nossa relação com essa paisagem, com toda essa beleza, é muito forte. É a nossa vida, o nosso sustento”, ressalta a jornalista, após ouvir o desabafo de Marizelha Carlos Lopes, 50 anos.

Segundo a ambientalista, a Promotora de Justiça Cecília Carvalho Marins Dourado, do município de Candeias, região metropolitana de Salvador, recomendou a imediata paralisação das obras do terminal portuário de múltiplo uso (TMULT), que a empresa Bahia Terminais realiza na Via Matoim, CIA Norte, Baía de Aratu, integrante da Baía de Todos os Santos. Mesma recomendação para o INEMA, para que revogue todas as medidas administrativas que levaram à concessão de licenças para a realização das obras.

O órgão tem dez dias, a partir do recebimento da recomendação, com data de 3 de setembro, para cumprir as medidas determinadas e 30 dias para explicar o que levou o INEMA a autorizar a Bahia Terminais a realizar terraplanagem e dragagem de manguezais, aterramento do mar, devastação da flora e ameaça à fauna.

 

FONTE – PORTAL ABRANTES

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