Familiares e amigos se fizeram presentes ontem na igreja do Vilarejo Arembepe; Numa cerimonia marcada pela lembrança e saudade.
Durante toda a cerimonia a matriarca Fatima Lima deixava claro a dor lacerante mostrada em seus olhos lacrimejantes.
Fábio Lima, um dos irmãos permaneceu com os olhos e ouvidos atentos às palavras do padre.
Após a missa, conversei longamente com o CEO da Dealers Soluções Hospitalares, Marcos Lima, irmão mais velho, que nos narrou a via crucis para tentar de todos os meios e recursos, salvar o irmão, importando um pulmão artificial que daria uma sobrevida à Bruno Lima, em vão foram os esforços, já que o irmão estava com os dois pulmões seriamente comprometidos.
Presentes estavam autoridades de Camaçari e amigos que foram ali, prestar solidariedade à família.
O que dizer nessas horas? fui buscar em Rubem Braga a inspiração pra tentar driblar a dor e aplacar um pouco a tristeza que se abateu sobre os Limas.”
” E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval — uma pessoa se perde da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor para os amantes pensar que a última vez que se encontraram se amaram muito — depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado — sem glória nem humilhação.
Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito.
E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz: que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?
Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras — com flores e cantos. O inverno — te lembras — nos maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil.
Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus.
A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo.”
Trabalhamos, mas também rimos muito, e podemos dizer que se Deus nos concedesse mais um pouco de vida ao seu lado, morreríamos de tanto rir.