Bruno Lima – Missa de 1 ano (15/03) foi marcada pela dor e saudade !

A vida me ensinou a dizer adeus às pessoas que amo, sem tirá-las do meu coração.

Familiares e amigos se fizeram presentes ontem na igreja do Vilarejo Arembepe; Numa cerimonia marcada pela lembrança e saudade.

Durante toda a cerimonia a matriarca Fatima Lima deixava claro a dor lacerante mostrada em seus olhos lacrimejantes.

Fábio Lima, um dos irmãos permaneceu com os olhos e ouvidos atentos às palavras do padre.

Após a missa, conversei longamente com o CEO da Dealers Soluções Hospitalares, Marcos Lima, irmão mais velho, que nos narrou a via crucis para tentar de todos os meios e recursos, salvar o irmão, importando um pulmão artificial que daria uma sobrevida à Bruno Lima, em vão foram os esforços,  já que  o irmão estava com os dois pulmões seriamente comprometidos.

Presentes estavam autoridades de Camaçari e amigos que foram ali, prestar solidariedade à família.

O que dizer nessas horas? fui buscar em Rubem Braga a inspiração pra tentar driblar a dor e aplacar um pouco a tristeza que se abateu sobre os Limas.”

” E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval — uma pessoa se perde da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor para os amantes pensar que a última vez que se encontraram se amaram muito — depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado — sem glória nem humilhação.

Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito.

E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz: que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?

Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras — com flores e cantos. O inverno — te lembras — nos maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil.

Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus.

A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo.”

Rubem Braga

Mensagem de despedida aos amigos
Até aqui viajamos juntos.
Passaram vilas e cidades, cachoeiras e rios, bosques e florestas…
Não faltaram os grandes obstáculos.
Frequentes foram as cercas, ajudando a transpor abismos…
As subidas e descidas foram realidade sempre presente.
Juntos, percorremos retas, nos apoiamos nas curvas, descobrimos cidades…
Chegou o momento de cada um seguir viagem sozinho…
Que as experiências compartilhadas no percurso até aqui sejam a alavanca para
alcançarmos a alegria de chegar ao destino projetado.
A nossa saudade e a nossa esperança de um reencontro aos que, por vários
motivos, nos deixaram, seguindo outros caminhos.
O nosso agradecimento àqueles que, mesmo de fora, mas sempre presentes, nos
quiseram bem e nos apoiaram nos bons e nos maus momentos.
Dividam conosco os méritos desta conquista, porque ela também pertence a
vocês. Uma despedida é necessária antes de podermos nos encontrar outra vez.
Que nossas despedidas sejam um eterno reencontro.
Portanto, pensando no que dissemos, fizemos e sentimos, percebemos que os momentos de história que realizamos juntos foram mais grandiosos do que pequenos.

Trabalhamos, mas também rimos muito, e podemos dizer que se Deus nos concedesse mais um pouco de vida ao seu lado, morreríamos de tanto rir.

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Sobre Shah Moises 1994 Artigos
Cineasta, editor, e produtor cultural.
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